Enxaqueca: Muito Além de uma Simples Dor de Cabeça – Entenda, Previna e Trate
- Blog Conecta
- 18 de jun.
- 8 min de leitura

Por Blog Conecta Vilas | Junho de 2025
Quem nunca ouviu alguém dizer "estou com uma enxaqueca terrível" quando, na verdade, estava apenas com uma dor de cabeça comum? Embora o termo seja frequentemente usado de forma genérica, a enxaqueca é uma condição neurológica específica e complexa que afeta milhões de brasileiros e impacta significativamente sua qualidade de vida.
Segundo dados recentes, cerca de 15% da população brasileira sofre com enxaqueca, sendo mais comum em mulheres. Aqui em nossa região de Vilas do Atlântico, não é diferente – muitos de nossos vizinhos, amigos e familiares convivem com essa condição que vai muito além de uma simples dor de cabeça.
Nesta matéria, vamos explorar o que realmente é a enxaqueca, seus sintomas, causas, tratamentos modernos e, principalmente, como prevenir e lidar com essa condição no dia a dia. Nosso objetivo é trazer informações claras e atualizadas para ajudar tanto quem sofre com o problema quanto aqueles que convivem com pessoas afetadas.
O que é Enxaqueca?
A enxaqueca não é apenas uma dor de cabeça forte. Trata-se de uma condição neurológica hereditária caracterizada por crises recorrentes que podem durar de horas a dias. Diferentemente das dores de cabeça comuns, a enxaqueca envolve uma série de alterações no cérebro, incluindo a dilatação de vasos sanguíneos e a liberação de substâncias inflamatórias que causam dor.
Um aspecto fundamental para entender a enxaqueca é que ela é considerada uma doença neurobiológica com base genética. Isso significa que, se seus pais ou avós sofriam com enxaqueca, você tem maior probabilidade de desenvolvê-la também. Estudos recentes mostram que alterações em determinados genes podem afetar como o cérebro processa sinais de dor e responde a certos estímulos ambientais.
O mecanismo da enxaqueca envolve a ativação do sistema trigeminovascular e a liberação de neuropeptídeos, como o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP), que desempenha um papel crucial no desenvolvimento da dor. Esse conhecimento tem sido fundamental para o desenvolvimento de novos tratamentos mais específicos e eficazes.
Sintomas da Enxaqueca
A enxaqueca é muito mais do que apenas dor. Ela se manifesta em diferentes fases, cada uma com sintomas característicos:
1. Fase Prodrômica (antes da dor):
•Alterações de humor (irritabilidade, depressão ou euforia)
•Bocejos frequentes
•Desejos por determinados alimentos
•Rigidez no pescoço
•Sensibilidade à luz ou som
•Dificuldade de concentração
2. Fase da Aura (ocorre em cerca de 25% dos casos):
•Distúrbios visuais (pontos luminosos, linhas em zigue-zague, visão embaçada)
•Formigamento ou dormência em partes do corpo
•Dificuldade para falar
•Fraqueza muscular temporária
3. Fase da Dor:
•Dor pulsátil ou latejante, geralmente unilateral (em um lado da cabeça)
•Intensidade moderada a severa
•Piora com atividade física
•Náuseas e vômitos
•Extrema sensibilidade à luz (fotofobia)
•Sensibilidade a sons (fonofobia)
•Sensibilidade a odores (osmofobia)
4. Fase Pós-dromo (após a dor):
•Cansaço extremo
•Dificuldade de concentração
•Sensação de "ressaca"
•Sensibilidade persistente
A enxaqueca é considerada crônica quando ocorre por 15 dias ou mais por mês, durante pelo menos três meses consecutivos. Essa condição afeta aproximadamente 2% da população mundial e representa um desafio ainda maior para o tratamento e qualidade de vida.
Causas e Gatilhos
A enxaqueca tem uma base genética e neurológica, mas diversos fatores podem desencadear as crises. Conhecer seus gatilhos pessoais é fundamental para o controle da condição. Os principais gatilhos incluem:
Gatilhos Alimentares:
•Alimentos com tiramina (queijos envelhecidos, vinho tinto)
•Alimentos com glutamato monossódico
•Chocolate
•Adoçantes artificiais
•Cafeína (tanto o consumo excessivo quanto a abstinência)
•Álcool, especialmente vinho tinto e bebidas fermentadas
•Jejum prolongado ou pular refeições
Fatores Ambientais:
•Luzes intensas ou piscantes
•Odores fortes (perfumes, produtos de limpeza)
•Mudanças climáticas ou de pressão atmosférica
•Exposição excessiva a telas (computadores, celulares)
•Poluição sonora
Fatores Hormonais:
•Flutuações nos níveis de estrogênio (especialmente em mulheres)
•Período menstrual
•Uso de contraceptivos hormonais
•Gravidez ou menopausa
Estilo de Vida:
•Estresse e ansiedade
•Alterações no padrão de sono (tanto dormir demais quanto de menos)
•Fadiga excessiva
•Desidratação
•Exercício físico intenso sem preparação adequada
Bruxismo e Enxaqueca: Uma Conexão Importante
O bruxismo – hábito de ranger ou apertar os dentes, principalmente durante o sono – é frequentemente negligenciado como um potencial gatilho ou agravante das crises de enxaqueca. Estudos recentes, no entanto, têm demonstrado uma relação significativa entre essas duas condições. A tensão muscular excessiva gerada pelo bruxismo nos músculos da mandíbula (masseter e temporal) pode se irradiar para outras regiões da cabeça e pescoço, criando um ciclo de dor que culmina em crises de enxaqueca.
Pessoas que sofrem de bruxismo noturno frequentemente acordam com dores de cabeça matinais, que podem evoluir para crises completas de enxaqueca ao longo do dia. Além disso, tanto o bruxismo quanto a enxaqueca compartilham fatores desencadeantes comuns, como estresse, ansiedade e alterações no sono, o que pode explicar por que muitos pacientes apresentam ambas as condições simultaneamente.
Para quem sofre de enxaqueca e suspeita de bruxismo, algumas medidas podem ajudar: o uso de placas oclusais (moldeiras) durante o sono, prescritas por dentistas; técnicas de relaxamento da musculatura facial; fisioterapia específica para a articulação temporomandibular (ATM); e até mesmo aplicações de toxina botulínica nos músculos da mastigação em casos mais severos. A abordagem integrada entre neurologistas e dentistas especializados em disfunção temporomandibular pode trazer resultados significativamente melhores no controle das crises de enxaqueca relacionadas ao bruxismo.
É importante ressaltar que os gatilhos variam significativamente de pessoa para pessoa. O que desencadeia uma crise em alguém pode não ter efeito algum em outra pessoa. Por isso, manter um diário de enxaqueca para identificar seus gatilhos pessoais é uma estratégia altamente recomendada pelos especialistas.
Diagnóstico
O diagnóstico da enxaqueca é principalmente clínico, baseado nos sintomas relatados pelo paciente e no histórico médico. Não existe um exame específico que "comprove" a enxaqueca, mas alguns podem ser solicitados para descartar outras condições.
Quando procurar um médico:
•Se você tem dores de cabeça recorrentes que interferem nas suas atividades diárias
•Se a dor é acompanhada de outros sintomas como náuseas, vômitos ou sensibilidade à luz
•Se você precisa tomar analgésicos com frequência
•Se a dor de cabeça surge subitamente e é extremamente intensa ("a pior dor de cabeça da vida")
•Se a dor de cabeça começa após os 50 anos
•Se o padrão das suas dores de cabeça muda
Os especialistas mais indicados para o diagnóstico e tratamento da enxaqueca são neurologistas, embora clínicos gerais também possam fazer o diagnóstico inicial. Em casos mais complexos, existem neurologistas especializados em cefaleia (dor de cabeça).
Exames como ressonância magnética ou tomografia computadorizada do cérebro podem ser solicitados para descartar outras condições, especialmente se houver sintomas atípicos ou se a dor começou recentemente.
Tratamentos Modernos
O tratamento da enxaqueca evoluiu significativamente nos últimos anos, com novas opções que oferecem alívio mais eficaz e menos efeitos colaterais. As abordagens terapêuticas podem ser divididas em:
Tratamento das Crises Agudas:
•Analgésicos simples: Como paracetamol e anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno, naproxeno), eficazes para crises leves a moderadas.
•Triptanos: Medicamentos específicos para enxaqueca (sumatriptano, zolmitriptano, etc.) que atuam nos receptores de serotonina, contraindo os vasos sanguíneos dilatados e reduzindo a inflamação.
•Gepants: Uma classe mais nova de medicamentos que bloqueia o CGRP (peptídeo relacionado ao gene da calcitonina), uma proteína envolvida na dor da enxaqueca. O atogepant, por exemplo, mostrou efeito rápido no alívio das crises.
•Antieméticos: Para controle de náuseas e vômitos associados à enxaqueca.
Tratamento Preventivo:
•Betabloqueadores: Como propranolol e metoprolol, reduzem a frequência das crises.
•Antidepressivos: Amitriptilina e outros antidepressivos tricíclicos podem ser eficazes na prevenção.
•Anticonvulsivantes: Topiramato e ácido valproico são utilizados para reduzir a frequência e intensidade das crises.
•Anticorpos monoclonais anti-CGRP: Uma das inovações mais recentes no tratamento da enxaqueca, esses medicamentos (como erenumab, fremanezumab e galcanezumab) bloqueiam a ação do CGRP, reduzindo significativamente a frequência das crises com poucos efeitos colaterais.
•Toxina botulínica (Botox): Injeções aplicadas em pontos específicos da cabeça e pescoço a cada três meses, eficazes para enxaqueca crônica.
Tratamentos Não Medicamentosos:
•Neuromodulação: Dispositivos que estimulam nervos específicos para reduzir a dor.
•Acupuntura: Tem mostrado resultados positivos em alguns estudos.
•Terapia cognitivo-comportamental: Ajuda a gerenciar o estresse e outros gatilhos emocionais.
•Biofeedback: Técnica que ensina a controlar funções corporais como tensão muscular.
É fundamental ressaltar que o tratamento deve ser individualizado e supervisionado por um médico. A automedicação pode levar à "cefaleia por uso excessivo de medicamentos", uma condição em que o uso frequente de analgésicos acaba piorando as dores de cabeça.
Prevenção e Autocuidado
Além dos tratamentos médicos, existem diversas estratégias de autocuidado que podem ajudar a prevenir crises de enxaqueca e melhorar a qualidade de vida:
Identificação e Controle de Gatilhos:
•Mantenha um diário de enxaqueca para identificar seus gatilhos pessoais
•Anote o que comeu, bebeu, atividades realizadas e fatores ambientais antes das crises
•Use aplicativos específicos para facilitar esse monitoramento
Rotina Regular:
•Mantenha horários regulares para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana
•Faça refeições em horários consistentes, evitando jejum prolongado
•Estabeleça uma rotina de exercícios moderados
Alimentação e Hidratação:
•Beba água regularmente ao longo do dia (recomenda-se cerca de 2 litros)
•Evite alimentos identificados como seus gatilhos pessoais
•Considere uma dieta anti-inflamatória, rica em ômega-3 e antioxidantes
•Limite o consumo de cafeína e mantenha-o consistente
Gerenciamento do Estresse:
•Pratique técnicas de relaxamento como meditação, yoga ou respiração profunda
•Reserve tempo para atividades prazerosas e hobbies
•Considere terapia para lidar com estresse crônico ou ansiedade
•Pratique a atenção plena (mindfulness) no dia a dia
Exercícios Físicos:
•Atividade física regular e moderada pode reduzir a frequência das crises
•Comece gradualmente e evite exercícios muito intensos sem preparação
•Considere caminhadas, natação ou ciclismo, que tendem a ser bem tolerados
•Hidrate-se adequadamente antes, durante e após os exercícios
Ambiente:
•Mantenha ambientes bem ventilados
•Use óculos de sol em dias claros
•Considere lentes com filtro de luz azul para trabalho em computadores
•Evite exposição a odores fortes e produtos químicos irritantes
Mitos e Verdades
Existem muitas concepções errôneas sobre a enxaqueca que podem dificultar o diagnóstico correto e o tratamento adequado. Vamos esclarecer alguns mitos comuns:
Mito: Enxaqueca é apenas uma dor de cabeça forte. Verdade: A enxaqueca é uma condição neurológica complexa com múltiplos sintomas além da dor.
Mito: Enxaqueca é causada apenas por estresse ou tensão. Verdade: Embora o estresse possa ser um gatilho, a enxaqueca tem base genética e neurobiológica.
Mito: Enxaqueca não é uma condição médica séria. Verdade: A Organização Mundial da Saúde classifica a enxaqueca entre as doenças mais incapacitantes, com impacto significativo na qualidade de vida.
Mito: Crianças não têm enxaqueca. Verdade: A enxaqueca pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças.
Mito: Existe uma cura definitiva para a enxaqueca. Verdade: Atualmente, não existe cura, mas há tratamentos eficazes para controlar os sintomas e reduzir a frequência das crises.
Mito: Pessoas com enxaqueca devem evitar todo tipo de exercício físico. Verdade: Exercícios moderados e regulares podem ajudar a reduzir a frequência das crises.
Recursos Locais em Vilas do Atlântico
Para os moradores de Vilas do Atlântico e região que sofrem com enxaqueca, existem diversos recursos disponíveis:
Clínicas e Especialistas:
•Centro Médico Vilas do Atlântico - conta com neurologistas especializados em cefaleia
•Clínica Neurológica Lauro de Freitas - oferece tratamentos modernos, incluindo aplicação de toxina botulínica
•Hospital da Bahia - possui centro de referência em neurologia com especialistas em dor
Farmácias com Medicamentos Específicos:
•Farmácia Pague Menos (Av. Praia de Itapuã) - dispõe de medicamentos específicos para enxaqueca
•Drogasil Vilas - oferece programa de descontos para medicamentos de uso contínuo
Terapias Complementares:
•Espaço Zen Vilas - oferece acupuntura e técnicas de relaxamento
•Studio Pilates & Bem-Estar - programas específicos para pessoas com dores crônicas
•Academia Aquática Vilas - hidroginástica e natação terapêutica
Conclusão
A enxaqueca é uma condição complexa que vai muito além de uma simples dor de cabeça. Compreender seus mecanismos, identificar gatilhos pessoais e buscar tratamento adequado são passos fundamentais para melhorar a qualidade de vida de quem sofre com essa condição.
Com os avanços recentes na medicina, especialmente com o desenvolvimento de medicamentos específicos como os anticorpos monoclonais anti-CGRP, o futuro parece promissor para quem convive com a enxaqueca. Enquanto a ciência avança, estratégias de autocuidado e mudanças no estilo de vida continuam sendo pilares importantes no manejo da condição.
Se você sofre com dores de cabeça recorrentes e suspeita que possa ser enxaqueca, não hesite em buscar ajuda médica. O diagnóstico correto e o tratamento adequado podem fazer uma diferença significativa na sua qualidade de vida.
Você tem enxaqueca ou conhece alguém que sofre com essa condição? Compartilhe sua experiência nos comentários! E se tiver sugestões de outros temas relacionados à saúde que gostaria de ver aqui no Blog Conecta Vilas, deixe sua mensagem!
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